quarta-feira, 27 de junho de 2012

Fábrica de políticos


“Propaganda é a alma do negócio”. Um tanto quanto clichê, mas, no momento, é a frase que melhor se encaixa na descrição do sistema eleitoral brasileiro. No cume da era das redes sociais, tecnologia e da globalização, o modo de como os candidatos se apresentam, ou melhor, se vendem ao público – digo população – faz toda a diferença.

Considerada o quarto poder, a mídia é a ferramenta ideal para tal processo de divulgação da imagem dos políticos. Tanto a rádio, a televisão, meios impressos e a internet – focando nas redes sociais, como o Facebook, Twitter, Orkut entre outras, fazem parte dos recursos utilizados pela equipe marketeira dos candidatos.

Analisando bem, esse processo nada mais é do que uma junção de poderio que inclui, ainda, equipes especializadas em marketing político, na qual possuem a função de elaborar estratégias capazes de fazer com que seu candidato seja ao menos bem visto pelos eleitores. E é aí que chegamos ao ponto principal: as eleições não passam de uma competição de imagem, popularidade e status. Vence o candidato cuja equipe marketeira conseguiu fazer com que a população acreditasse em todo o discurso demagógico.

Se pudessem, os políticos ganhariam eleições sem ao menos disputá-las.

Um fato que podemos avaliar para mostrar esse aspecto do qual é relativo ao modo como as campanhas eleitorais são concebidas e organizadas, é o famoso encontro entre o ex-presidente Lula e Paulo Maluf, que selou o apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, que enseja diversas discussões a respeito de nosso sistema político.

Como em qualquer outro lugar, aqui no Brasil é usada uma lógica pouco usual: ao contrário de seguir a regra da economicidade - em que se busca o mínimo desperdício de recursos para a consecução dos fins pretendidos -, prevalece o princípio da redundância.

Em suma, é mobilizado muito mais recursos para alcançar os objetivos estabelecidos. Sendo assim, investe-se além do que é racionalmente exigido. Isso ficou claro no debate sobre o tempo de propaganda eleitoral que o PT ganhou aliando-se a Maluf. Afinal, quanto mais espaço e tempo disponíveis, seja qual for o tipo de mídia, melhor para o candidato.

Para se ter ideia do quão valioso é um mísero tempo na televisão para a propaganda eleitoral, Lula se dispôs a um “sacrifício de imagem” posando ao lado de um político contra quem pesam graves denúncias, para receber, em troca, 1min36s de televisão.

Daí surge à dificuldade de muitas pessoas - até mesmo observadores experientes - entenderem este gesto do ex-presidente. Valeria a pena se autodenegrir por uma campanha política, até então, alheia?



Por Luã Quintão

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